Data: 01/12/2015
Local: Sala Newton Lopes
Horário: 16:00 e 18:00
Organização: Prof. Francisco de Oliveira Barros Junior/Departamento de Ciências Sociais
A AIDS faz parte do seu show? Desde os primórdios dos anos 80, do século passado, que acompanhamos a sua história social. A AIDS apresenta uma outra cara, ou seja, uma face diferente da estigmatizada imagem do “aidético”, sinônimo da “peste gay”, dos “grupos de risco” e de uma morte anunciada. Hoje, dispomos de uma potente terapia em um contexto onde a doença é vista como crônica. Mas não saiu da moda o seguinte toque: “Se você não se cuidar, a AIDS vai te pegar”. E mais: “Quem vê cara, não vê AIDS”. Um toque: Use camisinha. Primeiro de dezembro é o dia mundial da luta contra a AIDS. A engajada TELA SOCIOLÓGICA não poderia deixar passar em branco uma data tão relevante. Longe de uma pedagogia do terror, assumimos a ideia de que todos nós vivemos com HIV/AIDS. Falamos na primeira pessoa do plural e não em algo que afeta os “outros”. Para marcar a nossa presença no enfrentamento de um tema de inquestionável atualidade, exibiremos o impactante filme A. B. C ÁFRICA, do cineasta Abbas Kiarostami. A viagem cinematográfica vai ao continente africano para mostrar o trabalho da UWESO, uma organização das mulheres de Uganda em prol dos órfãos da mencionada enfermidade. Chocante e escandaloso são alguns termos que poderiam ser usados para adjetivar a desveladora obra fílmica. Revivendo discursos históricos, vou ao ano de 1994 e reproduzo o fragmento de um crítico texto de Herbert de Souza no chão da BELÁFRICA brasileira. O nosso paradoxal país contém uma Bélgica e uma África em seu gigante território. Betinho conectava DIREITOS HUMANOS E AIDS: “Eu já disse que a AIDS era a ponta de um iceberg, porque é a ponta mais dramática, mais visível. Mas logo a seguir vem uma série de doenças endêmicas que poderiam ter sido absolutamente eliminadas do país, com pouco investimento e pouco recurso, e que até hoje não o foram, para vergonha nossa. O Brasil é um país tuberculoso, um país com doença de Chagas, com lepra, com esquistossomose e uma série de outras enfermidades que atingem a milhões de pessoas, sem contar aquelas que morrem sem estar doentes, porque morrem de fome. É o caso da mortalidade infantil no Nordeste e também (por que não?) nas periferias das nossas capitais. Há, porém, a consciência política de que não temos um sistema de saúde: mas, de doença e comércio – exatamente esse comércio que produziu a calamidade do sangue, transformando-o em mercadoria e hoje transmitindo a morte, através da transfusão, pela AIDS, hepatite B e várias outras doenças. Essa situação tem muito mais a ver com política e cidadania e direitos humanos do que com qualquer outra coisa”. Fala contundente do filho de uma mãe que perdeu três filhos para a AIDS.